"Eu quero uma casa no campo..."
Não, eu não quero no campo. Mas quero uma casa nova, uma vida nova, uma paz que estou na urgência de encontrar.
Quando era menina, meus pais escutavam Tavito. Tinha uma música que ele cantava, composição dele e do Zé Rodrix que se chama “Casa no campo”. Ultimamente esta música não me sai da cabeça. Ela fala (na minha interpretação) da casa como um local de paz, de certezas de amigos, hábitos e gostos, do futuro calmo e com delicadeza. Para quem tiver curiosidade, a letra está aqui.
Casa para mim é um ambiente importante. Eu gosto de estar e me sentir em casa. Sempre me senti em casa na casa dos meus pais e na minha casa própria por um período, principalmente no início do meu casamento. Hoje sinto um incômodo gigantesco. Para começar, as lembranças do meu pai que já estava nos seus meses finais de vida vindo acompanhar a obra, ver o apartamento novo e tomar sol da manhã por conta do extremo frio que ele sentia. Lembro do seu corpo magro encolhido na minha cama tomando um sol gostoso que bate em abril…
A região onde moro “é de milhões”. Tudo perto. Em recorte bom do bairro em que se tem movimento mas ao mesmo tempo um clima de interior, de conhecer alguns vizinhos, as pessoas do comercio e de se fazer tudo à pé. Fora a proximidade de áreas e pontos centrais que aumentam a nossa qualidade de vida. O prédio em que minha mãe mora é bem familiar, o meu é um pombal com gente que se sente muito rico morando em menos de 40 ou 71 metros quadrados (um ou dois quartos). Isso me incomoda. Primeiro que educação deveria ser algo essencial, mas um bom dia é custoso. Joga-se dinheiro fora com aquecimento de piscina caríssimo mas recusam um aumento de salário aos funcionários. Muitas pessoas que moram aqui tem valores muito diferentes do que recebi. Me sinto mais numa pensão de quinta categoria que num prédio residencial que se transveste de hotel de luxo.
E por fim, o espaço. Bia veio e com ela um mundo de tranqueiras. Carrinho, tapete de atividades, bicicleta de equilíbrio, totoka, carrinho de supermercado, a casa toda lotada de brinquedos. Fora que a bichinha não tem espaço. E nem nós. Ela nos encontra o tempo todo e fica extremamente agarrada a nós. Tem horas que ela chora, fica inconsolável com a babá e entendo que ela busca o meu colo ou do Leo pois ela sabe que estamos ali. Não vejo isso de forma tão saudável pois nem sempre estamos disponíveis. E eu confesso dificuldade em não acolher. E me prejudica de várias formas que depois eu comento.
Sei que não me sinto em casa na minha própria casa. Ai fico sem vontade de fazer um tanto de coisas, ultimamente o que rola aqui é para dona Beatriz, tipo as coisas que faço na cozinha. E até mesmo neste aspecto vejo que aqui não serve mais, pois este lance de ambientes integrados só funciona se você não cozinha ou no máximo coloca as coisas no forno pré prontas para impressionar as visitas. A casa fica toda no cheiro do alho refogado, do frango cozido ou quando dá, da massa de torta doce que perfuma o ambiente. Ai sim um bom perfume… Enfim, aqui não funciona mais.
Estou olhando apartamentos. Quero um quatro quartos, mais antigo, num prédio antigo sem muita firula. Se tiver um elevador, ótimo. Torcendo para achar um que tenha tacos e uma banheira. Uma varandinha também seria simpático. Não quero sair da região central e procuro um ar de interior na vizinhança. Não sei se farei projeto com arquiteto, talvez seja a hora de ir com calma e construir a “decoração” aos poucos. Garimpar uns moveis, queria um papel de parede no meu escritório. Enfim, espero que em breve eu tenha uma casa nova, uma paz nova, um ar leve para respirar com facilidade (e felicidade).
Até sexta, quero ver se regularizo o nosso happy hour. Vai de cerveja ou vinho?