Se fui fashionista, não me lembro
Mas amo me arrumar, me vestir, me maquiar. E isso não tem que ser alinhado a tendências. Pode ser só com seu gosto, com a maior felicidade de sentir linda na com pecinhas que são você todinha.
Quando comecei com o blog, o quente era fazer look do dia. No início era algo bem legal, um treco mais próximo da realidade. O mercado de moda viu uma possibilidade efetiva e barata de divulgação. Nem precisava usar, precisava vestir, tirar foto e postar. Eu fiz isso várias vezes. Como como não era uma modelo padrão de corpo e nunca me senti muito a vontade para usar itens que não estivessem de acordo com o meu gosto, perdi espaço para quem era cabide humano.
Mas me arrisquei bastante, usei coisas que curtia mas não necessariamente faziam parte do meu estilo. Era porque estava na moda e renderia looks legais. Ou porque a blogueira x usava. Ou porque a marca y tinha peso, ai um genérico era sempre bem vindo para agregar e girar na tendência. Meu Deus, como eu gastei dinheiro MAL. Porque não recebi um raio na cabeça quando comprei um scarpin fucsia com meia pata na frente? Ou um sinal divino a cada batom que a blogueira branco sulfite falava que era lindo e em mim parecia hipoglós na beiça?
Hoje em dia me pergunto se aquilo era coragem. Talvez faltou noção mesmo. Mas com certeza houve muita insegurança e vontade de ser aceita, vista, querida. Fato é que o afastamento me tornou uma pessoa mais prática, tão prática que tem horas que nem sei o que vestir em determinadas situações. Ou então fiquei com preguiça pois já gastei tanto neurônio tentando ser "fashion". E ainda veio a pandemia para deixar muitos de nós totalmente perdidos nos códigos sociais. Tem gente se mega produzindo para tudo, enquanto outros estão ainda nos seus moletons e não querem sair (ou vão para shorts mais frescos).
Vestir é uma forma de comunicar. Hoje não tenho muito tempo e por amamentar, nem toda roupa é possível. Construi aos poucos um uniforme de mãe. Mas isso me incomoda pois não sou eu, sinto falta de uma maquiagem, de usar algumas peças queridas. Vejo uma Camila sem vida, fosca, acabada. Mais sem graça que a época em que meu pai faleceu. Lembro que só vestia o combo de blusa branca ou preta, calça preta, sapatilha, óculos escuro e bolsa colorida.
Acho que tem a ver com os sentimentos e energia. A morte do meu pai me consumiu muita energia, logo queria passar desapercebida. O nascimento da minha filha fez com que eu não seja vista, o foco é a Bia. E isso me fez enxergar que eu tenho uma identidade de estilo e voltarei a ela assim que possível. Além dela mudar, pois vejo também o que é bacana real ou impulso.
Não sei ser fashionista, não me importo em me vestir com o que está nas vitrines. Perdi o tesão real, costumo correr o olho em alguns sites e referências de estilo, mas sem muito afinco pois o objetivo mudou. Eu quero aproveitar para comprar coisas que gosto quando pintam nas tendências já que agora sei de verdade o que entra e o que fica de fora.
Aprendi a apreciar sem querer em mim e para mim, achar belo no outro (ou achar feio mesmo, tem coisas que não descem nem com coca zero). Isso fez muita diferença no meu consumo, não caio mais em tantas tentações. Fazendo um paralelo com comida: tudo bem se um amigo tomar uma cerveja e você ficar na água, pois não tá afim de beber. Deixa ele curtir ne?
Quero vestir umas coisas que estão me esperando no armário também, sei que ficarei linda para mim mesma. É o que importa. Eu abro a porta do mini closet e digo a elas que não morri, que um dia eu volto! E tô voltando, oh meu look com um casaco bem antigo, aproveitei a chuva em BH para tentar uma produção meio londrina.
ps.: as sapatilhas estão voltando, confesso que fiquei muito feliz com o retorno da tendência, vou aproveitar e trocar umas que estão velhinhas.
Sem brevidades hoje, confesso que estou sem cabeça. (ou seria inferno astral?)
É engraçado que quando a gente se torna mãe nosso guarda roupa passa a não fazer mais sentido. Eu, por ex, não me enxergo mais nas roupas que eu usava. Talvez seja fase da vida, amadurecimento, quem sabe. As roupas refletem o nosso momento e acho que nunca será como antes